A doença de Alzheimer é um transtorno degenerativo manifestado pelo comprometimento da memória e deterioração cognitiva. Muitas pessoas acreditam que a única causa da doença é de origem genética, porém, o estilo de vida pode auxiliar a prevenir a doença de Alzheimer. Segundo estudos, até 80% das pessoas com Alzheimer têm intolerância à glicose ou diabetes, desta forma, certos padrões alimentares foram identificados como fatores de risco ou proteção para Alzheimer. Neste artigo, você irá descobrir como a nutrição pode apresentar um papel fundamental na prevenção da doença de Alzheimer.
O cérebro humano consome aproximadamente 20% dos recursos energéticos do corpo, apesar de representar apenas cerca de 2% da massa corporal. Isso ressalta uma considerável demanda metabólica, suprida principalmente pela glicose. Desta forma, os estudos ressaltam que a principal conduta para reduzir o risco de desenvolver Alzheimer pode ser a melhoria da sensibilidade à insulina. Além disso, alguns nutrientes como vitaminas, aminoácidos, ácidos graxos e oligoelementos como ferro e magnésio, derivados da ingestão dietética estão concentrados no cérebro e podem ter um papel fundamental para atender a demanda energética cerebral (Hussein et al, 2022).
As intervenções nutricionais têm o potencial de retardar a progressão do Alzheimer, melhorando a função cognitiva e a qualidade de vida (Matei et al, 2023). O padrão de dieta ocidental, baseado em alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes, está associado a um risco aumentado de desenvolver Alzheimer. Em contrapartida, o estilo de vida baseado na dieta mediterrâneo com alimentos naturais, ricos em macro e micronutrientes, somado a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e probióticos, demonstrou ser um fator de proteção para prevenir a doença de Alzheimer (Inmaculada; Kamran; Chen, 2023).
Os padrões de dieta e os componentes bioativos derivados dos alimentos apresentaram potencial de regular a bioenergética cerebral e reduzir o risco de Alzheimer (Surya et al, 2022). Em alguns estudos, a doença de Alzheimer pode ser reconhecida como “diabetes tipo 3” (Maciej et al, 2023), devido ao impacto da resistência à insulina na etiologia do Alzheimer. O termo “diabetes tipo 3” foi proposto devido às semelhanças entre a doença de Alzheimer e o diabetes mellitus tipo 2 em relação às características moleculares e celulares (Janoutová et al, 2023).
Segundo Skylar e colaboradores (2022), até 80% dos pacientes com doença de Alzheimer podem apresentar intolerância à glicose ou diabetes. Uma das principais justificativas para a relação do Alzheimer com diabetes é a sinalização prejudicada do hormônio insulina que pode levar ao processamento anormal e ao acúmulo da proteína beta-amilóide, aumentando o risco de déficits de memória e declínio cognitivo.
A relação entre diabetes e Alzheimer é significativa, demonstrando a importância de analisar exames bioquímicos, como HOMA-IR e o padrão dietético, especialmente sobre a quantidade e qualidade dos carboidratos ingeridos. A desregulação de insulina também pode causar atividade excessiva da enzima GSK3, levando ao acúmulo de placa senil. Além disso, o diabetes pode causar alterações fibróticas nos vasos cerebrais, aumentando o risco de atrofia do hipocampo (Maša; Sabine, 2022).
Os padrões de dieta mediterrânea e cetogênica podem estar correlacionados com a prevenção de Alzheimer, porém, mais pesquisas são necessárias para compreender os efeitos da nutrição como fator de proteção. É recomendado que a dieta seja baseada em alimentos naturais e anti-inflamatórios, rica em compostos bioativos presentes em fontes como frutas vermelhas, vegetais e cúrcuma (Ellouze et al, 2023). A ciência demonstra que o padrão alimentar apresenta impacto direto na prevenção do declínio cognitivo, compreendendo que a genética não é o único fator responsável pelo desenvolvimento de Alzheimer e o estilo de vida deve ser reconhecido como fator de proteção.
Referências Bibliográficas
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